terça-feira, 11 de setembro de 2012

Resende: Fernando Rodrigues assassinou o irmão Carlos Alberto por ciúmes em Silvas, S. Martinho de Mouros

 
«Os dois irmãos andavam zangados há anos por causa de partilhas. Mas, ultimamente, o mais velho desconfiava que a mulher o traía precisamente com o irmão, que o matou a tiro junto a casa, em Resende.

"O Carlos julgava que o meu marido andava com a mulher dele, que é minha irmã. Há uma semana, já andaram à porrada um com o outro por causa disso, mas já andavam zangados há anos devido às partilhas da casa. Quando fui levar o lixo, o meu cunhado, que já devia estar bêbado, começou a insultar-me, bateu-me com um ferro e deu-me pontapés. O meu marido apercebeu-se e pegou na caçadeira e matou-o. Depois foi entregar-se à GNR".
 
Foi desta forma que Ana Sofia Vieira, mulher do homicida Fernando Rodrigues, que assassinou o irmão, anteontem à noite, em S. Martinho de Mouros, em Resende, explicou, ao JN, as circunstâncias em que o cunhado, Carlos Alberto, 46 anos, foi morto.

A mulher não tem dúvida de que o marido, entretanto detido pela Polícia Judiciária, foi defendê-la das agressões. "Ele estava com um ferro e uma faca. Ainda fiquei com marcas de tanto me bater. Depois fez-se ao meu marido, que teve de lhe dar o tiro para ele não me matar. Ele ainda lhe gritou que era um corno e que o ia matar. Ao ouvir isso, o meu marido passou-se", afirmou Ana Sofia, mãe de quatro filhos menores, que chorava com a possibilidade do marido ir para a cadeia. Fernando foi intercetado pela GNR de Resende quando se dirigia para o posto e a caçadeira foi apreendida. Detido pela PJ, foi levado ao juiz que decretou prisão preventiva.
 
Já a viúva, que ontem foi para a casa da mãe, com a filha de 14 anos, por não aguentar ficar onde o marido tinha sido assassinado na véspera, estava inconsolável. "Quando cheguei à beira dele, já não se mexia. Ele não ia fazer mal a ninguém nem tinha nenhum ferro nas mãos. Apenas ia à garagem buscar uma garrafa de cerveja e foi morto", disse, ao JN, Augustinha Vieira, que estava dentro de casa quando o marido foi assassinado.

O homicídio aconteceu no isolado lugar de Silvas, onde apenas vivem 27 pessoas. Todas as semanas, os dois irmãos, que vivem na mesma casa com as respetivas famílias (uma no primeiro andar e a outra no rés-do-chão), arranjavam um motivo para discutir. A casa era do pai e os dois irmãos ocuparam-na há muitos anos, com as mulheres, que também são irmãs.

Desde esse tempo que não se dão. Há uma semana, envolveram-se em agressões mútuas, depois de Carlos ter dito à mulher do irmão que Fernando era amante da Augustinha. Ana Sofia não acreditou, mas a suposta relação e as acusações deixaram profundas mágoas tanto em Carlos como em Fernando.

Na terra, os vizinhos, que rejeitam a teses do crime passional, apenas encontram uma explicação: as zangas por causa da disputa da casa.»




in JN online, 11-9-2012

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