quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Homicídio de Rosalina Ribeiro: Inquérito tem "várias figuras centrais"

«Duarte Lima "é uma das figuras centrais da investigação", mas "existem várias outras", adianta fonte ligada ao processo.


A investigação do homicídio de Rosalina Ribeiro em dezembro de 2009 no Brasil tem "várias figuras centrais", disse à Lusa fonte ligada à investigação, reiterando que o advogado Duarte Lima é uma das testemunhas chave, mas não a única.

Duarte Lima continua com o estatuto de testemunha, no dia em que o seu advogado no Brasil teve acesso ao inquérito em curso, acrescentou a mesma fonte, afirmando que o ex-deputado português "é uma das figuras centrais da investigação", mas que "existem várias outras", como "os amigos" de Rosalina Ribeiro e os "outros herdeiros" que disputam a herança do empresário Lúcio Tomé Feteira.

A fonte ouvida pela Lusa acrescentou que a carta rogatória enviada pela polícia brasileira às autoridades portuguesas, com quase duzentas perguntas para Duarte Lima, e entretanto devolvida sem respostas por não cumprir "formalismos", ainda não chegou novamente às autoridades brasileiras, "infelizmente".

Novas questões

A polícia brasileira poderá reenviar a carta ou mesmo acrescentar-lhe novas questões, o que ainda está por decidir, diz a mesma fonte.

O advogado de Duarte Lima em Portugal, Germano Marques da Silva, já disse que o seu cliente responderá às perguntas da polícia brasileira "logo que tenha acesso ao processo".

"Há um motivo para cada pergunta. O que está [na carta] para [Duarte Lima] esclarecer é boa parte do encontro que teve com Rosalina no dia em que ela foi morta e da relação que mantinha com ela", afirmou a fonte ligada à investigação.

Uma das áreas sobre a qual a polícia brasileira pretende esclarecimentos tem a ver com as transferências de dinheiro - "cerca de cinco milhões de euros" - de Rosalina Ribeiro para Duarte Lima.

Hipóteses para a transferência de dinheiro

A polícia coloca três hipóteses para tais transferências: "Uma delas é que ele poderia estar a fazer lavagem de dinheiro e a devolvê-lo [a Rosalina Ribeiro] ou seria pagamento de honorários ou então ele estaria a guardá-lo para ela".

"Tudo isso está nas perguntas", indicou a fonte, reiterando que Duarte Lima "não é o único foco" do caso sob investigação.

Segundo a mesma fonte, o esclarecimento do encontro entre Duarte Lima e Rosalina Ribeiro em dezembro de 2009, pouco antes de esta ter sido assassinada, "certamente" encerra a chave do homicídio.

No dia da morte de Rosalina Ribeiro, Duarte Lima terá "viajado 462 quilómetros de carro [desde Belo Horizonte] para o Rio de Janeiro, onde se registou num hotel, e depois encontrou-se com ela na rua e levou-a a Maricá". "E vinte minutos depois de a deixar, ela foi morta", argumentou a mesma fonte.

Rosalina Ribeiro foi dada como desaparecida e, posteriormente, encontrada morta com dois tiros em Saquarema, na região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro.

A antiga secretária do empresário português Lúcio Tomé Feteira (falecido em 2000) estava a disputar na Justiça com a filha deste uma herança milionária e Duarte Lima era o seu advogado em Portugal.»


Texto in Expresso online, 14-10-2010

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