sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Tribunal de Gondomar: Funcionários da Câmara comprometem Valentim Loureiro

«Ordens para beneficiar empreiteiro dadas por "secretária" no Urbanismo




Mais funcionários da Câmara de Gondomar confirmaram ontem ter recebido indicações para acelerar o tratamento dos processos de obras de Gaspar Ferreira. As "ordens" partiram de uma "secretária" de Valentim Loureiro para o departamento de Urbanismo.

As declarações foram prestadas na segunda sessão do julgamento, no Tribunal de Gondomar, em que aquele empreiteiro, a par de uma funcionária da tesouraria da autarquia, é acusado de crime de falsificação de documento. Em causa, como noticiou o JN, está uma presumível adulteração de documentos relacionados com a data do pagamento de 53 mil euros por taxa de licença de construção.

"Foi a dona Ana Paula Tavares, secretária do presidente no gabinete de apoio", disse ao tribunal Leonardo Magalhães, colega da arguida Rosa Maria Marques, funcionária da tesouraria que terá sido levada a falsificar um documento para beneficiar aquele empresário. "Os processos eram pedidos com urgência", confirmou outro funcionário. "Os da Efimóveis tinham de andar rápido. Não me recordo de outra situação igual", acrescentou, ainda, Gracinda Silva, também do departamento de gestão urbanística.

Segundo Cremilde Oliveira, responsável pela tesouraria e agora na reforma, Valentim Loureiro "sempre quis ver os balancetes diariamente" - o que permitiria saber tudo o que se passava no departamento de obras particulares.

Esta mesma responsável negou alguma vez ter dado ordens para privilegiar o empreiteiro Gaspar Ferreira, incluindo a ordem para falsificar a guia de recebimento da taxa de licença de construção. "Lamentava por vezes os funcionários receberem ordens que não eram minhas..."

Neste processo, recorde-se, está também em causa um episódio cuja anormalidade foi confirmada pelos funcionários: um projecto apresentado pela firma daquele empresário, para habitação social, foi aprovado e teve licença de construção exactamente no mesmo dia em que foi apresentado oficialmente na Câmara.

Valentim negou alguma vez ter dado "ordens ilegais" e, a par de Gaspar Ferreira, justificou que aquele projecto tinha um trabalho prévio de "dois anos".»

Texto in JN online, 24-9-2010

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