quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sequestro nas Filipinas: 10 erros da polícia

Um analista de segurança que trabalhou no combate ao terrorismo com o exército britânico e com a Scotland Yard, Charles Shoebridge, diz que os polícias envolvidos no sequestro do autocarro nas Filipinas mostraram coragem mas não estavam devidamente treinados e equipados. À BBC, apontou 10 erros da polícia filipina

Ficam as 10 áreas onde, na opinião de Charles Shoebridge, a equipa policial filipina poderia ter feito mais.

1. Determinação e agressividade

Os primeiros polícias que tentaram entrar no autocarro foram expulsos por tiros do sequestrador, o ex-policia Rolando Mendoza. "Eles mostraram coragem para entrar no interior do autocarro mas faltou-lhes a determinação que apenas operacionais de elite, especialmente treinados, conseguem ter. Faltou-lhes agressividade se pensarmos que o autocarro estava cheio e apenas existia um corredor estreito para circular no interior. Neste caso, eles agiram como 99% das pessoas teria feito, ou seja, logo que começaram a ser alvejados fugiram. Faltou-lhes a agressividade para passar ao ataque".

2. Falta de equipamentos

"A polícia passou imenso tempo a partir as janelas do autocarro. Caso estivessem equipados com pequenas cargas explosivas teria sido mais fácil. Não tinham escadas para subir e quebrar as janelas, quase pareciam um grupo de vândalos. As armas também não eram adequadas, alguns tinham pistolas e deviam utilizar pequenas metralhadoras para o uso em espaços confinados".

3. Diversas oportunidades perdidas para desarmar o atirador

Foram inúmeras as oportunidades para desarmar o atirador. "Os negociadores estavam muito perto dele, e ele tinha a arma pendurada ao seu lado. Ele poderia ter sido desarmado sem ser morto!"

4. Oportunidade de alvejar o atirador

O vídeo do sequestro mostra que houve ocasiões em que o atirador estava sozinho, ao longo do dia, podia ter sido baleado por um atirador. "Você está a falar com uma pessoa imprevisível e irracional. A regra deveria ser que, se no curso das negociações surge a oportunidade de pôr termo à situação decisiva, ela deve ser tomada," afirma Charles Shoebridge.

5. Satisfazer as exigências do sequestrador

"Eu pergunto qual foi a razão pela as autoridades simplesmente não cumpriram as exigências do ex-policia? Ninguém quer ceder às exigências dos terroristas, mas numa situação como esta, que não envolve um grupo terrorista, poderiam ter aceite suas exigências. As autoridades Filipinas cederam às exigências do atirador demasiado tarde".

6. O erro da televisão

O atirador foi capaz de acompanhar os acontecimentos pela televisão, ficou a saber tudo o que estava a acontecer em seu redor. Este foi um "erro crucial da polícia". A polícia deve colocar uma barreira ou uma tela em redor da área, para proteger os reféns dos acontecimentos e das câmeras de televisão. Devemos manter o sequestrador na escuridão".

7. Nenhum elemento da surpresa

"Ficou claro para o atirador o que a polícia estava a fazer em todos os momentos, além da televisão, tudo foi muito lento. Não foram capazes de potenciar o elemento surpresa".

8. Salvaguardar o público

"Pelo menos um espetador foi morto, possivelmente porque o público foi autorizado a permanecer muito perto. O sequestrador utilizou uma metralhadora M16 e os tiros desta arma podem percorrer mais de um quilómetro e meio de distância".

9. Utilizar o irmão do polícia para negociar

"Utilizar parentes próximos e amigos pode ser uma faca de dois bicos. O irmão do sequestrador foi usado mas entretanto ficou enervado e a polícia foi obrigado a retirá-lo da área de conflito".

10. Formação insuficiente

"Em algumas regiões do Brasil situações de reféns como esta não são raras. Os polícias deviam estar treinados para este tipo de casos. Após quebrar a janela, surgiu um polícia que atirou gás para o interior do autocarro mas também esta manobra precisa de ser executada por operacionais experientes".





Texto in Visão online, 25-8-2010
Foto in Google
Vídeo in YouTube

Sem comentários:

Enviar um comentário