quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Assassinato de Rosalina Ribeiro no Rio de Janeiro: Câmaras tramam Duarte Lima

«Dono do hotel garante ao CM que não há registo de imagens de Rosalina onde advogado diz que a deixou.


Porta do hotel Jangada, Lagoa de Araçatiba, em Maricá, 21h20 de 7 de Dezembro de 2009. Num carro por si alugado, que diz não se recordar da marca e modelo, Duarte Lima chegou e parou, com Rosalina Ribeiro ao lado. E deixou a sua cliente com Gisele, 40 a 50 anos, loura, estatura média, de óculos com aro escuro, junto a um Honda cinzento. Esta foi a versão que o advogado deu à polícia – e mais não sabe: partiu ao ver as duas tratarem-se com 'estima e familiaridade'. Ao fim de uma hora, Rosalina terá sido executada a tiro. E o dono do hotel Jangada diz ao CM que nas suas imagens de videovigilância, recolhidas pela câmara instalada em frente à porta, com grande raio de visibilidade sobre a rua, nenhum dos três aparece.

Não há registo de qualquer imagem de Duarte Lima, nem de Rosalina, nem de uma Gisele, que ainda hoje a polícia não sabe quem é ou se existe. Eduardo, o proprietário do hotel, conta ao CM que foi procurado mais do que uma vez pela polícia, depois de terem encontrado o corpo de Rosalina numa estrada ali próxima, e todos chegaram a uma conclusão: não há indícios da passagem da portuguesa ali, depois de terem 'inspeccionado o livro de hóspedes e analisado toda a gravação da câmara de vigilância daquela noite'. 'Pelo meu hotel não passou, com certeza, conforme já foi provado', diz o proprietário.

Entretanto, além de estar a analisar todas as informações prestadas pelas operadoras, no que diz respeito às chamadas efectuadas e recebidas e à localização celular, antes e depois do crime, de todos os intervenientes no caso, a polícia manifesta o máximo interesse no automóvel que Duarte Lima diz ter alugado em Belo Horizonte, Minas Gerais, e com o qual se deslocou ao Rio de Janeiro, a 500 quilómetros, para se reunir com a cliente – cujos interesses representava na herança deixada pelo milionário Lúcio Tomé Feteira, de quem fora secretária e companheira durante 32 anos.

A polícia tem várias dúvidas em relação a Duarte Lima, mesmo depois do seu depoimento por escrito, e quer ouvi-lo. Mas, segundo Normando Marques, advogado de Rosalina no Brasil, 'a polícia diz que já o tentou contactar, por e-mail e telefone, sem sucesso. Não atende'.

100 MILHÕES NAS CONTAS DO MILIONÁRIO

Os herdeiros de Lúcio Tomé Feteira estimam que, nas várias contas do milionário, estivessem em 2000, ano em que faleceu, cerca de 100 milhões de dólares (92 milhões de euros). Incluído neste valor estão cerca de 6 milhões de euros que, segundo Olímpia Feteira de Menezes, filha do milionário, terão sido transferidos para o advogado Duarte Lima. Segundo a TVI, as transferências das contas de Tomé Feteira na Suíça para Lima começaram em Março de 2001: no dia 13 foram mais de dois milhões, a 21, Rosalina transferiu 680 mil, a 27 Março mais 664 mil. No mês de Abril foram mais de dois milhões e em 22 de Maio cerca de 181 mil euros.

REGISTO POLICIAL SEM DÚVIDAS: 'EXECUÇÃO'

Feita a perícia ao local do crime, já examinado o cadáver de uma mulher desconhecida, os investigadores da Polícia Civil do Rio de Janeiro não tiveram dúvidas sobre a forma como o crime foi cometido: 'Execução', lê-se no registo de ocorrência a que o CM teve acesso. A comprová--lo estavam duas balas de revólver, calibre 38, uma na testa e outra no peito. Mais tarde, já na morgue do Instituto de Medicina Legal, vieram a saber tratar-se de Rosalina Ribeiro, portuguesa de 74 anos, herdeira de parte da fortuna deixada pelo milionário Lúcio Tomé Feteira, com propriedades perto do local do crime, em Maricá.

Mas depois de ter encontrado o corpo tombado numa berma, às 09h50 locais (13h50 em Lisboa) de 8 de Dezembro do ano passado, quando patrulhava a Rodovia RJ-118, no bairro Sampaio Correia, município de Saquarema, o agente Abreu, da Guarda Municipal, descreveu aos colegas aquilo que viu. E Vilmar Ferreira, da 124ª Delegacia de Polícia, que mais tarde passou o caso ao Departamento de Homicídios do Rio de Janeiro, descreveu no auto os objectos que encontraram com a vítima – o que desde logo afastou a hipótese de roubo e deu consistência à tese de execução: 'Óculos graduados, com armação em metal dourado' e 'relógio de pulso analógico, marca Certina, com pulseira de couro, mostrador oval, ostentando a numeração 827 3888 21 na parte de trás da caixa.' Valerá entre 300 a 500 euros. 'Ambos os objectos apresentam sujidade', lê-se.»
Texto in CM online, 19-8-2010

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