sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Grande Porto: PJ prende traficante seguido há dez anos

«Líder de rede circulava em carros de luxo. Apreendidos Porsche e Mercedes. Casal também detido.

Carros de luxo, tiros e muita droga. A Judiciária do Porto perseguia-o há dez anos. Joel S., tido como um dos maiores traficantes de droga da Zona Norte, foi ontem apanhado, numa investigação a uma rede de tráfico internacional.

O suspeito estava ligado a um casal que foi apanhado quando regressava a Portugal desde a Holanda com dois quilos de heroína. A Polícia Judiciária (PJ) estava no encalço dos indivíduos desde há dois meses. O cabecilha é um homem, de 32 anos, oriundo de Paredes, conhecido por estar também ligado a negócios de carros de luxo, como Porsche e Ferrari, tendo tido, inclusive, standes na zona do Grande Porto.

O indivíduo já esteve em prisão preventiva também por ilícitos ligados ao tráfico. Porém, foi absolvido em pelo menos um processo em que foi levado a julgamento. Apesar disso, e durante 10 anos, esteve sempre debaixo de mira da PJ do Porto. Na operação, foram apreendidos um Porsche, um Mercedes R320, um barco de recreio e 2500 euros em notas.

O alegado envolvimento do indivíduo em actos ilícitos foi referenciado pela PJ também em Março passado, aquando de uma cena de tiros ocorrida junto do bar Tamariz, espaço de diversão nocturna do Porto. Nessa sequência, a PJ tentou efectuar uma busca, mas nunca encontrou o suspeito.

O esquema da rede era simples: um carro discreto ia até à Holanda abastecer-se de droga. Fazia o caminho de volta carregado de heroína, escondida no carro de forma a não ser detectada pelas operações "stop" comuns. Uma vez em território nacional, o produto era entregue ao suposto cabecilha, que depois escoava a droga pelos grupo de distribuidores habitual. O carro com que faziam o percurso foi interceptado na auto-estrada, na zona de Ribeira da Pena, perto de Chaves.

Da operação resultou a apreensão de droga suficiente para a confecção de cerca de 25 mil doses individuais. Todavia, a intenção da rede era misturar a heroína com outras substâncias de corte, também apreendidas, assim como todo o material usado na mistura. Uma vez misturada, a quantidade de droga para venda triplicava. A PJ estima que a venda directa do produto poderia atingir os 100 mil euros de lucro.

A heroína chegou a Portugal num Nissan, já com alguns anos, escondida na consola do rádio do automóvel. Os dois ocupantes do carro, um homem e uma mulher de 28 e 22 anos, também detidos, são suspeitos de terem feito mais do que uma vez a viagem entre Portugal e a Holanda, em troca de mil euros, por cada viagem.

Após a detenção dos transportadores da droga, foi feita a detenção do destinatário, Joel S., a quem foram apreendidos dois carros de luxo. Num armazém que servia de depósito e "cozinha", foi apreendida uma prensa hidráulica e os instrumentos usados na mistura da droga: electrodomésticos, utensílios de cozinha, bacias coadores e um moinho.

Segundo Fernando Xavier, coordenador de investigação criminal da PJ, esta é uma das maiores redes de tráfico a funcionar em Portugal e será a responsável por grande parte do abastecimento do Porto e zona do Vale do Sousa. A PJ acredita que estas detenções foram um duro golpe na estrutura da rede, mas não adianta se há ou não mais envolvidos.

Os três indivíduos serão hoje interrogados por juiz de instrução criminal para eventual aplicação de medidas de coacção.»


in JN online, 11-9-2009

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